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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Prefeito recebia pelo menos R$ 500 mil por mês, diz Passaia

O ex-secretário de Governo da Prefeitura de Dourados, Eleandro Passaia, disse há pouco em entrevista coletiva que o prefeito Ari Artuzi não recebia menos do que R$ 500 mil por mês de propina com empresas que prestavem serviços para a prefeitura.

Segundo ele, o prefeito direcionava a licitação e depois cobrava o mínimo 10% do valor do contrato da empresa que ganhava. "Este dinheiro servia para pagar a propina mensal a vereadores para que não houvesse oposição na Câmara e para que os legisladores aprovassem projetos do executivo".

Passaia disse que se incorporasse ao esquema poderia receber a quantia de R$ 50 mil a R$ 100 mil por mês; dinheiro desviado dos cofres públicos.

O ex-secretário se emocionou ao lembrar que no mesmo dia em que a primeira-dama do município Maria Artuzi fazia uma cirurgia estética, uma criança da periferia perdeu a visão. "Os olhos tiveram que ser extraídos, porque faltou atendimento hospitalar para a paciente. Tudo o que o prefeito fazia ele pedia dinheiro em troca. Para comprar um terreno no Jardim Novo Horizonte ele pagou R$ 560 mil e pediu R$ 80 mil de retorno. Ele recebia R$ 60 mil por mês da GWA, uma empresa que faz o transporte escolar. Fora o dinheiro que ele pedia a parte, o próprio dono da empresa me disse que desde o inicio do ano passado deu a Artuzi a quantia de R$ 1,5 milhão".

Passaia disse que se sente com a alma lavada. "Se eu tivesse medo de ameaça não teria enfrentado sistema corrupto de Dourados que já dura há duas décadas".

Ele também ressaltou que alguns políticos que se manifestaram na imprensa hoje também o procuraram para discutir retorno financeiro.

Questionado se fica na prefeitura, Passaia é firme na decisão. "Se o prefeito Ari Artuzi ou o vice-prefeito Carlinhos Cantor voltar para a prefeitura, com certeza não serei secretário nunca. Se por acaso um juiz administrar a cidade e achar que que eu posso ficar para ajudar de qualquer maneira eu me coloco a disposição".

Ele disse que vai lançar um livro e que não teme processos. "Eu quero avisar que eu não vou mudar nada e que será uma honra ser processado por falar a verdade. Prova é quando você consegue filmar alguém pegando dinheiro. Eu não sou advogado, mas é prova filmar um deputado ou assessor dele pedir retorno financeiro? Se isto for prova eu tenho. Aliás, não tenho mais, uma vez que elas estão a disposição da PF".

O esquema de colhimento de provas durou quatro meses; assim que assumiu a secretaria de Governo. Ele informou ao tomar posse o prefeito abriu a "caixa-preta" para ele. "O Ari disse que pagava vereadores, secretários e que cobrava das empreiteiras", reafirma.

Passaia disse ainda que enquanto secretário de Comunicação, ouvia rumores sobre as fraudes e que só quando assumiu o Governo, pode comprovar as informações.

Diante da situação, ele procurou a PF para saber como deveria agir. "Estava disposto a deixar o cargo, mas a PF me orientou a colher provas. Foi disponiblizado equipamentos de alta tecnologia que possibilitaram a função. Tudo foi feito com orientação da PF", disse.

Ele foi questionado sobre como se sente em ter sido um dos maiores apoiadores do prefeito durante as eleições. "Fui procurado na época pelos representantes dos três candidatos. Optei pelo prefeito Ari Artuzi porque eu o achava um homem smples, corajoso e com vontade de mudar. Me decepcionei. Se algumas pessoas disserem que eu traí Ari Artuzi eu digo que Artuzi traiu a todos nós".

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