Carolina Ribeiro Pietoso, de Copenhague
COPENHAGUE – A partir de segunda-feira, líderes e representantes de 192 países se reunirão em Copenhague para a COP15, conferência climática das Nações Unidas que busca um acordo internacional para lidar com o aquecimento global. Neste domingo, a capital dinamarquesa se mostra pronta para receber o evento e ser o centro das atenções nas próximas duas semanas.
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Os preparativos para a COP15 começaram meses atrás e agora é "só colocar tudo em prática com tranquilidade", explica Britta, que trabalha no guichê de informações do centro de conferências Bella Center e prefere usar apenas seu primeiro nome. "Eu faço parte de uma equipe especialmente contratada para ajudar neste evento e temos ordens para manter a tranquilidade e seguir os planos. Não tem como nada sair errado se todos fizermos exatamente isto".
Na entrada do centro Bella Center, onde inúmeras filas se formam para o credenciamento tanto de membros das delegações das Nações Unidas, quanto da imprensa, observadores e participantes em geral, muitas pessoas reclamavam de uma certa falta de organização. "As filas se misturam e ninguém sabe ao certo o que está acontecendo", reclamou Cobus Nierkek, da África do Sul.
Imprensa e representantes de vários países fazem fila
para credenciamento em Copenhague / Foto: Carolina Ribeiro Pietoso
Os organizadores alegam que os dois primeiros dias devem ser mais confusos por causa do grande volume de pessoas que precisam se credenciar para ter acesso ao centro, mas que depois que as negociações começarem o fluxo será mais tranquilo.
A segurança em torno do centro de conferências é grande e o trânsito na região foi desviado, mas isso não deve atrapalhar a vida dos cerca de 500 mil moradores da cidade.
Dinamarqueses
Enquanto os últimos arranjos são feitos no Bella Center, a população da capital dinamarquesa é encorajada a dar o exemplo. "Copenhague será o centro do mundo", disse o taxista Andreas Larsen, "nós que moramos aqui temos que mostrar que é possível viver de outra forma e o governo tem feito inúmeras campanhas para conscientizar a população a fazer isso".
Ele dirige um Mercedes Benz 2007 "nada econômico e nada ecológico", mas já se inscreveu para testar veículos elétricos que estarão à mostra no centro da cidade durante a conferência. "Eu quero ver se a tecnologia é eficiente para poder pensar em comprar um destes carros quando eles estiverem disponíveis no mercado".
A família Juhl, que abriu sua casa para hospedar a reportagem do iG, como fizeram muitas outras famílias da capital dinamarquesa para que houvesse acomodação suficiente para todos os participantes da COP15, não esconde o desconforto diante de perguntas sobre suas emissões. "Nós sabemos que nosso lixo é queimado para aquecer as casas e nossa eletricidade é gerada por uma usina termoelétrica que usa carvão, ou seja, nossas emissões são altas. A Dinamarca tem muitas iniciativas, mas ainda não é um país neutro", explica Peter, o pai da família. "Eu espero que o fato de sediarmos um encontro tão importante mude a forma como nós mesmos nos comportamos em relação às emissões de gases causadores do efeito estufa".
Outdoor em estação de trem de Copenhague incentiva população a "pensar verde" / AP
Lotte, garçonete do Ingolfs Kaffebar, que também preferiu dar apenas seu primeiro nome, disse acreditar que apesar de importante a conferência faz "mais barulho do que o necessário". Segundo ela, "ainda há muito que não sabemos sobre o aquecimento global para que seja necessário investir tanto dinheiro em uma conferência. Esta verba poderia ter sido melhor aproveitada de outras formas mais eficientes no combate à mudança climática". Mesmo assim, ela decidiu aderir às recomendações do governo. "Eu geralmente não uso minha bicicleta durante o inverno, mas vou fazer isto. Vou fazer a minha parte", ela disse.
Campanhas
Além das campanhas governamentais, a capital dinamarquesa foi tomada por inúmeras mensagens publicitárias de grupos ambientalistas, promovendo a necessidade de um acordo climático e pedindo mudanças e compromisso.
Em uma delas, o ano é 2020 e os líderes mundiais de hoje pedem desculpas por não terem tomado uma atitude mais drástica na COP15. Entre eles, o presidente dos Estados Unidos Barack Obama. “Sinto muito. Nós poderíamos ter impedido uma mudança climática catastrófica...não o fizemos”, diz a campanha dos grupos Greenpeace e Tck Tck Tck .
Barack Obama está nos anúncios do Greenpeace
"Eu espero que isso não aconteça", disse a blogueira chinesa Yifang Zhuo ao ler o anúncio no aeroporto internacional de Copenhague. "Espero que não seja perda de tempo".
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