RIO DE JANEIRO - Depois da forte troca de tiros que ocorreu entre policiais e traficantes no Morro do Macaco, zona Norte do Rio de Janeiro, o comandante geral da Polícia Militar do Estado, coronel Mário Sérgio Duarte, disse que a polícia vai iniciar a busca pelos traficantes envolvidos no tiroteio que deixou dois policiais militares e 10 traficantes mortos. Segundo o coronel, quatro comandos de policiais estão montados na região para evitar o deslocamento dos traficantes.
"Não vamos descansar enquanto isso não acontecer. A população espera uma resposta da PM", disse o coronel. "Não vamos nos desviar. O trabalho forte de inteligência e os homens da Polícia Civil vão ajudar", acrescentou o secretário da Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrane. "Nós sabemos quem foi, como foi, e haverá uma resposta na mesma medida, defendeu o chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Alan Turnowisk, que também participa da entrevista coletiva.
Helicóptero cai em campo de futebol após ser atingido por tiros
Turnowisk acrescentou que a ação dos traficantes foi "ousada" e "que nenhuma ação no Rio de Janeiro ficou sem resposta". Segundo ele, a polícia não vai ficar sem dar uma resposta "no momento certo".
O comandante da PM informou que o controle da região está sendo realizado pela Polícia Militar, que trabalha com um efetivo de 3 mil a 4 mil homens a mais. "Vamos nos manter no terreno para manter o controle do local. Folgas foram canceladas e todos os policiais estão sendo utilizados", disse o coronel Duarte. A Polícia Civil também participa da operação com 500 policiais.
Autoridades sabiam sobre invasão
Beltrame admitiu que a polícia tinha, ontem, a informação sobre a invasão do Morro dos Macacos, mas não conseguiu evitar que as quadrilhas se enfrentassem por toda a madrugada de sábado. Segundo ele, o cerco montado pela Polícia Militar falhou pela dificuldade de prever por onde os invasores entrariam.
"A área tem centenas de acessos", justificou o secretário, em entrevista coletiva no fim da tarde. "Mais de 80% das invasões têm sido antecipadas (pela polícia)".
Clique na imagem abaixo para ampliar o mapa:
Fonte: Google Maps
Segundo o secretário, entre as ações prévias da PM na sexta-feira está a morte de quatro traficantes que confrontaram a polícia na favela do Arará (zona norte), quando foram surpreendidos saindo para integrar o grupo invasor. Ele afirmou que a polícia não invadiu o morro à noite para minimizar os riscos para os moradores. "Quem não tem compromisso com a população é o marginal", afirmou.
O coronel Duarte afirmou que a região é muito grande e possui dezenas de acessos que poderiam ter sido utilizados pelos traficantes. Seja por áreas urbanas ou de mata, o morro dos Macacos pode ser acessado por três ou quatro bairros da região.
A polícia militar e a civil do Rio de Janeiro já iniciaram as investigações para tentar descobrir a rota de acesso utilizada pelos traficantes para entrarem no Morro dos Macacos, na zona norte da cidade.
Helicóptero abatido
O comandante da PM disse ainda não saber qual foi a arma utilizada para atingir a aeronave. "Sabemos que os traficantes possuem armamento de longo alcance, mas é prematuro afirmar qual tipo foi utilizado para atingir o helicóptero", disse o comandante.
O aparelho, que tinha apenas o fundo blindado, dava apoio a uma operação com 120 homens da PM para acabar com o confronto entre traficantes na disputa por pontos de vendas de drogas na favela. Atingido por disparos dos bandidos, o helicóptero Fênix pegou fogo logo após pousar num campo de futebol.
Dois dos seis tripulantes morreram carbonizados e os outros policiais foram resgatados com queimaduras. Outros dois policiais e dois moradores foram feridos em terra. Três policiais que sobreviveram à queda, pularam do aparelho antes de ele tocar o chão. Segundo o major Oderlei Alves, relações públicas da PM, dois deles, além de queimaduras, foram baleados no ar. O quarto ferido é o único internado em "estado gravíssimo", com queimaduras severas em todo o corpo e vias respiratórias.
Assista à reportagem sobre a queda do helicóptero (o número de mortos foi atualizado após a publicação do vídeo):
Olimpíada 2016
A imprensa internacional destacou o confronto neste sábado. Os sites dos jornais "The New York Times" e "The Guardian" ressaltaram que o Rio foi escolhido sede da Olimpíada de 2016. O jornal norte-americano destacou que traficantes abateram um helicóptero da Polícia Militar do Rio, matando dois policiais, apenas duas semanas após vencer a eleição. "A queda ocorreu cerca de oito quilômetros ao sudoeste de uma das zonas onde acontecerão os Jogos Olímpicos Rio 2016", traz a reportagem.
A violência nos morros cariocas foi destaque até mesmo na rede de notícias "Aljazerra", conhecida internacionalmente por veicular informações de guerras
O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), lamentou hoje a morte de policiais e renovou seu apoio ao secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame. Cabral disse que manterá a "linha de enfrentamento" ao crime para que a cidade chegue aos Jogos Olímpicos de 2016 em paz. "Dissemos ao comitê olímpico que não é uma tarefa simples, eles sabem disso", lembrou o governador.
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