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sábado, 17 de outubro de 2009

CÓLICA A VILÃ DOS BEBÊS

Estudo aponta que bactéria que irrita o intestino pode ser a causa

Miguel, de 2 meses, adora a massagem feita pela mamãe Raquel. Foto: Eurico Dantas

Nada é tão preocupante para uma mãe do que o choro do seu filho recém-nascido. E, quando não é fome, frio, nem a fraldinha suja, elas logo imaginam a temida cólica. A dor persistente, que aflige os bebês nos três primeiros meses de vida, provoca um choro intenso e, em geral, piora de madrugada, para desespero dos pais. Apesar do impacto que provoca na vida da família, ainda não se sabe exatamente a causa do problema. A boa notícia é que um estudo acaba de apontar uma luz no fim do túnel. Pesquisadores americanos descobriram que muitos bebês que sofriam com cólicas tinham uma bactéria. O nome desse bichinho infernal é klebsiella.

Segundo J. Marc Rhoads, professor de pediatria na Universidade do Texas e principal autor do estudo, essa bactéria pode ser encontrada na boca, na pele e nos intestinos dos pequenos, onde seria capaz de causar uma inflamação, desencadeando a cólica.

Apesar de nunca ter imaginado que suas noites em claro com o primeiro filho podem ter sido culpa desse bichinho, Raquel Constantino, de 30 anos, conta que descobriu um jeito de aliviar as dores do segundo filho:

— Faço uma leve massagem na barriguinha do Miguel. Ele se diverte com o carinho e para de chorar na hora.

Massagem é ainda o melhor

Estudos científicos relacionam as cólicas a causas ambientais, mostrando que bebês que nascem durante o inverno têm mais predisposição às dores do que aqueles que nascem no verão. Outras pesquisas sugerem que o vínculo entre mãe e filho durante a gestação e o parto também influencia. Há ainda uma corrente que aposta que as cólicas são mais frequentes nos bebês de hoje por causa do aumento de partos cesarianos. Ou seja, o estudo da Universidade do Texas vem somar mais uma possível causa para o problema: uma inflamação no intestino do bebê causada pela bactéria klebsiella.

Para o gastropediatra José Cesar Junqueira, professor da UFRJ, no entanto, o número de crianças que apresentam essa bactéria é bem pequeno. Para ele, o único remédio com eficácia comprovada para aliviar as cólicas é o leite materno:

— É a fonte mais rica em lactobacilos, que irá estimular a flora intestinal do recém-nascido e a proliferação de bactérias benéficas.


A psicóloga e mãe de primeira viagem Ana Paula Fonseca está aflita por causa das cólicas da filha, de apenas 1 mês.

— Dá uma agonia, já apelei até para o chá de funcho.

A Sociedade Brasileira de Pediatria não recomenda o uso de probióticos e afirma que o mais indicado é massagear a barriga do bebê.

Ana Paula faz massagem na barriguinha de Maria Eduarda, de 1 mês. Foto: Eurico Dantas

Mitos e verdades

Massagem
Para a Sociedade Brasileira de Pediatria, a massagem diária, especialmente a realizada no fim de tarde, é o método mais seguro para combater as cólicas.

Alimentação
Muitas mães fazem uma dieta rigorosa com medo de que a ingestão de determinados alimentos possa interferir nas cólicas do bebê, evitando, por exemplo, feijão e repolho. Mas, de fato, a única recomendação é evitar alimentos que contenham cafeína, como café, refrigerantes de cola e chocolate.

Leite
Não há estudo científico que comprove que leite em pó hipoalergênico ajude a reduzir as cólicas. Para os médicos, o mais indicado e seguro é oferecer leite materno.

Funcho
Encontrado em farmácias de manipulação, o funcho é conhecido como um santo remédio contra cólicas. Na verdade, o chá age como calmante e não ataca diretamente o problema.

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