Bancos e financeiras abrem temporada de refinanciamento de débitos para quem deseja limpar seu nome
Danielle Abreu e Mario Campagnan - Extra
O fim do ano se aproxima e os credores se ouriçam: é hora de chamar os devedores a negociar. Embora a inadimplência do consumidor esteja voltando aos níveis pré-crise - o total de empréstimos não honrados cresceu 3,9% em setembro, em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo uma pesquisa da Serasa Experian -, bancos e financeiras lançaram campanhas com condições especiais de renegociação de débitos. As vantagens podem chegar a parcelamento máximo em 48 vezes e abatimento de até 65% no valor total da dívida.
Em geral, o cliente é chamado a negociar quando o débito atrasa por três meses. Num primeiro momento, as bancos e financeiras oferecem apenas reescalonamento da dívida, sem conceder desconto. Após seis meses, quando reconhecem a perda do crédito, passam a oferecer redução do valor total ou apenas de juros, mora e encargos. No Banco do Brasil (BB), por exemplo, as taxas de juros contratuais permanecem, segundo o gerente executivo de Reestruturação de Ativos, Geraldo Castilho. Mas o devedor ganha novos prazos, de 12 a 48 meses, e abatimento de até 65%.
- A renegociação é mais comum em débitos de Crédito Direto ao Consumidor (CDC), cheque especial e cartão - afirma Castilho.
No HSBC e na Losango, foi aberta uma campanha de renegociação em vigor até dezembro. A política é adotada caso a caso, conforme a capacidade de pagamento do cliente, mas, em situações extremas, pode-se eliminar os encargos e dividir o débito em 20 vezes.
Para não perder dinheiro, bancos e financeiras marcam em cima. A autônoma Cecília Lima, de 62 anos, recebeu a ligação de uma financeira pelo atraso de uma semana no pagamento de uma conta. Seu talão de cheques foi bloqueado.
- Ameaçaram me colocar no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) - conta, aliviada, após descobrir que seu nome continua limpo.
HSBC/LosangoAnalisa as dívidas caso a caso, mas chega a oferecer desconto de 100% nos encargos e parcelamento em 20 meses. A campanha de negociação permanecerá em vigor até dezembro. O banco decidiu iniciar a campanha agora, por considerar o momento pós-crise ideal para a reativação de clientes. Os correntistas em débito devem procurar uma agência da instituição ou uma unidade da financeira Losango.
Banco do BrasilTem uma equipe de cem empresas terceirizadas de cobrança pelo Brasil. As negociações são feitas de forma regionalizada e analisada de acordo com a situação do cliente. No momento do reescalonamento, oferece prazo de 12 a 48 meses, mas sem mudança nos juros. Prevalecem as taxas contratuais. Em caso de débito mais antigo (acima de seis meses), o banco propõe abatimentos, conforme o valor e o tempo da dívida. Esse desconto incide sobre o valor total a pagar e pode chegar a um percentual máximo de 65%.
FinanceirasO Sindicato das Financeiras do Estado do Rio de Janeiro (Secif-RJ) lançou, em julho, uma campanha de renegociar que será repetida em novembro e dezembro. É voltada para servidores, empregados da iniciativa privada e aposentados e pensionistas do INSS. A ideia é aproveitar as épocas do ano em que os trabalhadores recebem o 13 salário. Para quem tem dívidas com atraso de três a seis meses, as empresas de crédito oferecem desconto de 40% no total de juros devidos. Se o tomador inadimplente estiver com dívidas pendentes de seis meses a um ano, a cobrança de juros é isenta. Acima desse prazo, além do abatimento total dos juros, as financeiras admitem reduzir o valor principal da dívida. Mas essa concessão é feita caso a caso. O saldo de$poderá ser dividido em até 15 parcelas.
Caixa EconômicaNão tem programa ou campanha específica para recuperação de crédito, por considerar baixas as taxas atuais de inadimplência. Em junho deste ano, o índice de devedores no grupo de crédito a pessoa física era de 5,9%.
Itaú UnibancoO cliente com dívidas com o banco deve procurar o gerente da agência na qual pegou o empréstimo ou usar canais remotos (telefone ou internet). Segundo o banco, isso pode ser feito a qualquer momento. Serão apresentadas propostas de acordo com o contrato, o perfil do cliente e o saldo residual. A situação é avaliada individualmente, ou seja, não há regra geral.
BradescoRecebe a proposta do devedor pela internet. A situação é analisada e o banco aceita ou envia uma contraproposta. A ferramenta da web encaminha o processo para a agência do cliente. O pedido também pode ser feito diretamente com o gerente da unidade.
Banco RealOferece o "Crédito Pessoal Flexível para Renegociação de de Dívidas". O cliente faz uma proposta informando o quanto deseja pagar, por meio de um formulário eletrônico. O banco analisa e verifica as condições mais convenientes. Pode ser solicitado pela internet somente se a dívida for de até R$ 30 mil. Acima desse valor, o devedor deve procurar pessoalmente o gerente da agência onde pegou o empréstimo.
SantanderMantém no site uma cartilha de "Crédito Consciente", mas não tem uma regra geral para renegociação de dívida. O cliente deve procurar a gerência para regularizar sua situação.
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