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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

TERERÉ



O
tereré (ou tererê) é uma bebida feita com a infusão da erva-mate (Ilex paraguariensis), de origem guarani. É consumida diariamente com água gelada, sucos, hortelã (Mentha arvensis), cedrón (Lippia citriodora), peperina hortelã, limão, coco (Allophyllus edulis), entre outros. Quanto a pronúncia, em castelhano o correto é tererê, enquanto que em português o correto pode ser tanto tereré como tererê, dependendo da região do Brasil, mais comumente difundido no estado de Mato Grosso do Sul.

A origem do tereré data da invasão européia por castelhanos e portugueses, quando era usado pelas tribos guarani, nhandeva, kaiowá e outra etnias chaquenhas, muito antes da Guerra do Paraguai e da Guerra do Chaco (entre Paraguai e Bolívia, 1932-1935), quando as tropas começaram a beber mate frio para não acender fogos que denunciariam sua posição.

Outra versão paraguaia da origem do tereré diz respeito a mensú (escravos ervateiros do nordeste do Paraguai e da Argentina, até meados do século XX). Eles foram surpreendidos pela capangas fazendo fogo para tomar mate e seriam brutalmente torturados, por isso escolheram se alistar em fileiras do exército paraguaio, introduzindo este costume.

No entanto, crê-se que o tereré desde a invasão da América já era ingerido pelos índios Guarani e que por volta do século XVII os jesuítas aprenderam com eles as virtudes do mate (ka'a em guarani). Os mesmos jesuítas elogiavam os efeitos da erva, que dava força e vigor e matava a sede mais do que a água pura. A infusão é riquísima em cafeína, daí o poder revigorante. Segundo alguns, os índios Guarani, além de tomar mate (ou tereré) usando como bombilho (canudo para chupar a infusão) ossos de pássaros e finas taquaras (pois ainda não existiam as bombas de metal), também fumavam a folha bruta da erva-mate e usavam-na como rapé.

No Brasil, o tereré foi trazido pelos paraguaios e índios guarani e kaiowá, que passaram a pertencer ao país quando da nova definição da fronteira entre Brasil e Paraguai, anexando imensos ervais nativos ao estado do Mato Grosso, atual Mato Grosso do Sul. Todo ciclo brasileiro da erva-mate do tereré teve início na cidade de Ponta Porã, que faz fronteira com Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia, depois expandiu-se para outras cidades e estados. A mão de obra utilizada nos ervais era de paraguaios vitimados pela guerra e índios guarani e kaiowá no sistema de escravidão por dívidas.

Diferentemente do chimarrão, que é feito com água quente, o tereré é consumido com água fria, resultando em uma bebida agradável e refrescante. Em sua produção, a erva mate utilizada no preparo do tereré difere da utilizada no chimarrão por ter de ficar em repouso por volta de oito meses, em local seco, e de ser triturada grossa depois disso. Devido ao fato das folhas serem cortadas grossas, ao contrário do chimarrão, o tereré não tem tantos problemas com o entupimento. Quando isso ocorre, geralmente é devido a uma grande quantidade de mate em pó, indicando má-qualidade da erva usada.

Guampa e bomba

Recipiente típico da bebida.

Tradicionalmente, o recipiente usado para servir o tereré é a guampa, fabricado com parte de um chifre de bovino, com uma das extremidades lacrada com madeira ou couro de boi, e o seu exterior revestido por verniz. Usa-se também copos de alumínio, vidro, plástico, ou canecas de louça.

A bomba é utilizada para filtrar a infusão do tereré, para que não se absorva o pó da erva triturada. As bombas são feitas normalmente de alumínio e nunca devem ser feitas de ferro por causa da oxidação, que altera o sabor da infusão. Também é possível encontrar bombas feitas de ouro, prata, alpaca e aço inox.

Tanto a bomba quanto a guampa podem ter adereços com figuras dos símbolos da família, iniciais de nome ou pedras preciosas.

Embora a palavra "guampa" seja comum em uma área em que a influência predominante é guarani, sua origem é do quíchua, em que significa "chifre". O chifre bovino é freqüentemente utilizado como recipiente em todo o Cone Sul. O chifle (uma espécie de cantil utilizado na Argentina), por exemplo, é feito de chifre de boi.

Consumo

A palavra é onomatopéica tereré, referindo-se ao som emitido pela última chupada do bulbo. Esse som é tacitamente exigido dentro da cerimônia do tereré, uma vez que confirma que todo o líquido foi consumido, deixando o recipiente pronto para a próxima pessoa. O tereré é consumido tanto no verão como no inverno, dia e noite: não há calendário para o seu consumo.O tereré em rodas de bate-papo é indispensável.Mas consumido com remedios refrescantes pela manhã a partir das 9 horas serve para abrir o apetite, onde adultos e crianças podem consumir, sem dizer, que é um ótimo diurético.

Saúde

Uma preocupação que vem ocorrendo através do tereré é a possível transmissão do contágio oral, como por exemplo a gripe H1N1. Pois é utilizada a mesma guampa e bomba em uma roda de pessoas.

Preparo

Devido ao fato das folhas serem cortadas grossas, ao contrário do chimarrão, o tereré não tem tantos problemas com o entupimento. Quando isso ocorre, geralmente é devido a uma grande quantidade de mate em pó, indicando má qualidade da erva usada.

Quanto ao líquido a ser usado para a infusão, o mais popular no Paraguai e também no Brasil é água gelada e, opcionalmente, gotas de limão, ou até mesmo suco de frutas e refrigerantes de guarana ou laranja. No Paraguai costuma-se adicionar ervas e plantas medicinais à água. Outras combinações também são possíveis, porém não indicadas pelos consumidores mais tradicionais.

Modo de Preparo

  1. Coloca-se a erva-mate na guampa, aproximadamente 2/3;
  2. Bate-se a erva-mate, virando a guampa em sentido diagonal, vedando a boca da guampa com a mão, de maneira a fazer com que a erva-mate ocupe toda a lateral da guampa e não caia;
  3. Coloca-se a bomba na guampa;
  4. Coloca-se a guampa de pé e se acrescenta o líquido.

Os dez mandamentos do tereré

  1. Não cuspa o tereré.
  2. Não mexas na bomba.
  3. Nunca colocar açúcar na água.
  4. Não digas que o tereré é anti-higiênico.
  5. Não deixes um tereré pela metade.
  6. Não te envergonhes do "ronco" no fim do tereré.
  7. Jamais chamar uma guampa de cuia.
  8. Não alteres a ordem em que o tereré é servido.
  9. Não "durmas" (demore) com a guampa na mão.
  10. Tomar tereré todos os dias.

Cultura e costumes

A bebida tereré, assim como todos os aspectos a ela relacionados, é uma tradição praticamente inerente ao Paraguai, mas há variações regionais sobre a sua preparação e formas de consumo. A bebida mais consumida em Campo Grande Mato Grosso do Sul. Normalmente é consumida em rodas de amigos ao final da tarde e todos compartilham da mesma guampa. Utiliza-se, muito frequentemente, a expressão "téres" no lugar de tereré, um processo natural de apócope por que passam algumas palavras.

No Paraguai

No Paraguai o tereré tem um sentido tradicional, medicamentoso e até mesmo cerimonial. É um símbolo de amizade. O tereré com remédios refrescantes é ingerido pela manhã, enquanto o da tarde ou da noite é engolido sem qualquer adição.

Na Argentina

No nordeste argentino, é muito comum ver pessoas bebendo tereré. Isto pode ser visto especialmente em Formosa, Chaco, Corrientes, Misiones e, em menor grau, no norte da província de Santa Fe No Brasil

No Brasil é consumido principalmente nos Estado de Mato Grosso do Sul, por tere sido povoados pelas tribos Guaranis. Outros lugares em que também se consome tereré no Brasil são o Paraná, Acre, o interior do estado de São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio Grande do Sul,Rondônia e Tocantins.

Canções sobre tereré

O grupo sul-matogrossense Zíngaro lançou a canção "Roda de tereré", sucesso regional e dançante.

Você Sabia
  1. Que em processos tradicionais, para se tornar uma guampa de tereré o chifre era extraído do boi, "esvaziado", e ficava enterrado na lama por uns 15 dias para eliminar as impurezas, somente depois desse tempo é que ela estava preparada para o uso;
  2. Que por tradição, em uma roda, deve-se servir o tereré no sentido anti-horário, devido ao movimento praticado pelos laçadores;
  3. Que quem tem costume de tomar tereré e chamado de matoneiro, que vem do erva-MATE;
  4. Que na gíria matoneira, uma rodada de tereré é chamada de gabada;
  5. Que o nome científico da erva-mate é Ilex paraguariensis;
  6. Que a constituição da erva do tereré é de 50% de folhas e 50% de galhos de sua própria árvore e que a do chimarrão é de 70% de folhas e 30% apenas de galhos;
  7. Que quando você não quer mais ser servido em uma roda, basta dizer "obrigado!";
  8. Que os peões de comitiva, principalmente no Pantanal, tomam tereré com água de rio, logo o tereré deles não é gelado e sim frio.

Ver também


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