Aeroporto de Chimboré, fonte: Google Maps
O presidente socialista boliviano Evo Morales anunciou com euforia que a Rússia vai instalar na Bolívia uma base que será “centro para a manutenção dos aviões russos que voam na América do Sul”, informou a imprensa nacional , com base em despacho da France Press.
Oficialmente não se tinha notícia desse trânsito de aviões russos no continente. Mas, a perspectiva é que venha a ser intensa, se é que não está havendo já em surdina ou na ilegalidade.
A base será construída em Chimboré, província de Cochabamba, ao pé dos Andes e já em região amazônica. A Rússia aproveitará as instalações deixadas no local pela agência antidrogas americana (DEA), expulsa do país pelo líder bolivariano.
Chimoré fica no centro geográfico da Bolívia, e portanto do continente sul-americano. Desde ali, os russos poderão atingir quase qualquer ponto do território brasileiro.
Há dois meses, o presidente Lula visitou essa recôndita localidade cujas atividades são em geral pouco conhecidas. Ali foi recebido festivamente pelo líder socialista boliviano.
O presidente Lula em Chimboré, foto Ricardo Stuckert - PR
“Esta pista pertencia aos gringos, e é agora dos bolivianos”, festejou Morales. Em fevereiro, segundo o “Correio Braziliense”, o presidente boliviano assinou “importantes acordos de cooperação militar e energética com Moscou”.
Desconhece-se o que é que a Bolívia ofereceu à Rússia, exceção feita de seu território e matérias primas estratégicas, das quais precisa o Kremlin para reconstruir o potencial militar nuclear dos tempos da falida URSS.
Segundo Morales, em Chimoré será construído o “maior aeroporto da Bolívia”, e a cidade transformar-se-á em “pólo de desenvolvimento regional”. Descontando eventuais euforias verbais, fica a pergunta: o que é que os russos vão montar lá para fazer da pequena localidade um centro de intenso tráfego aéreo? Quantos russos serão transportados para Chimoré?
A “cooperação energética” com a Rússia e com o Irã não é segredo para ninguém: esses países querem urânio e materiais nucleares para construir ou reconstituir seu arsenal de armas atômicas.
Se o plano se desenvolver, a segurança do continente vai ficar abalada, pois obviamente, outras potências mundiais, inimigas ou amigas da Rússia e do Irã, quererão se aproveitar das instalações ou quererão se opor a elas.
Morales acrescentou que assim que o aeroporto de Chimboré for ampliado, constituirá “uma alternativa aos demais aeroportos da Bolívia para a importação de produtos”. Sugeriu assim que o interesse de expansão russo é premente.
Morales estranhamente não quis especificar se os aviões russos serão civis ou militares. O esclarecimento era indispensável, aumentando as suspeitas de um uso com forte dose militar.
Obviamente a UNASUL nem se interessou por saber o que lá vai ser feito. A única indignação é com a Colômbia porque tem acordos de uso de bases com os EUA.
Dois pesos e duas medidas que podem trazer funestas conseqüências para o Brasil e o continente todo.
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