Corante azul é usado para tratar danos na medula espinhal
Um corante azul usado em doces ajuda a tratar ferimentos na medula espinhal, concluíram cientistas após estudos com ratos.
O tratamento - detalhado na publicação científica Proceedings of the National Academy of Sciences - apresenta, no entanto, pelo menos um efeito colateral: os ratos usados no estudo ficaram temporariamente azuis.
Mudanças moleculares que ocorrem nas horas que sucedem o ferimento inicial podem causar danos ainda mais sérios à medula.
Mas os pesquisadores da Universidade de Rochester, no Estado de Nova York, descobriram que esse processo pode ser interrompido ou minimizado com o uso do corante, conhecido como Azul Brilhante G (BBG, na sigla em inglês).
ATP e receptorEm estudos anteriores, a equipe da universidade já havia demonstrado que, logo após uma lesão na medula, moléculas de substância conhecida como ATP rapidamente inundam a área do ferimento.
A ATP, ou trifosfato de adenosina, é uma fonte de energia vital para o organismo e mantém as células vivas, mas doses maciças da substância na região do ferimento matam neurônios saudáveis agravando a lesão.
No ferimento, o ATP se liga a um receptor, o P2X7, e na presença desta união que ocorre a morte dos neurônios.
O BBG age contra o P2X7, com a vantagem de poder ser administrado na forma de uma injeção padrão, longe do ferimento.
Dose AltaOs pesquisadores esperam que um dia seu trabalho possa ajudar a diminuir os riscos de paralisia após lesões na medula.
Mas eles enfatizam que muitas pesquisas terão de ser feitas para que se chegue a um tratamento e acrescentam que esse tratamento só funcionaria se administrado logo após a lesão.
"Não temos hoje um tratamento efetivo para pacientes que sofrem uma lesão aguda na coluna", disse o pesquisador Steven Goldman.
"Nossa esperança é de que este trabalho leve a uma droga prática e segura que possa ser dada ao paciente logo após a lesão para evitar os danos secundários".
O diretor de pesquisas da ONG britânica Spinal Research, que promove estudos sobre a medula, disse que o novo estudo pode ser promissor na busca de tratamentos de proteção para os neurônios saudáveis, evitando os danos secundários que ocorrem nas horas e dias que sucedem a lesão inicial na coluna.
"O fato de que (o BBG) é um corante aprovado para uso em alimentos já parece ser um bom começo", disse Mark Bacon. "Mas as quantidades encontradas nos alimentos não nos fazem ficar azuis".
Resta saber se, em doses maciças, o BBG apresentaria ou não efeitos colaterais perigosos.
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