Vida está de volta à Lagoa
Aves que fugiram das águas poluídas retornam à região. Autoridades comemoram ‘ressurreição’
Rio - O espelho d’água da Lagoa Rodrigo de Freitas, marcado pela mortandade de peixes nos últimos nove anos, começa a refletir o voo de aves marinhas. Biólogos explicam que os pássaros haviam migrado para outras regiões por causa da poluição. Frango-d’água, marreco-toicinho, savacu, socó-dorminhoco e socozinho voltaram a se integrar ao ecossistema devido à redução dos índices de coliformes fecais. Autoridades e ambientalistas comemoraram o renascimento da lagoa, mas reconhecem que as águas permanecem impróprias para o banho.
Socó: uma das 5 espécies de aves que voltaram à Lagoa com a despoluição
“Por ser uma lagoa urbana, é indicada apenas a prática de esportes aquáticos, exceto o nado livre”, recomenda Luiz Firmino Martins Pereira, presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), órgão responsável pela medição semanal dos níveis de oxigênio e coliformes fecais. Pela primeira vez em 10 anos, a análise constatou a presença de 250 coliformes fecais por cada 100 ml analisados. De acordo com o Inea, o índice mostra que a despoluição avançou. Em 2006, havia 16 mil coliformes para cada 100 ml. Para ser própria para o banho, a concentração máxima é de 23 por 100 ml, o mesmo do Piscinão de Ramos.
“Eu jamais mergulharia ali, mesmo vacinado contra hepatite A. A lagoa tem muita sedimentação: não convém praticar mergulho ou nado livre”, explica o biólogo Mário Moscatelli. Entre 2000 e 2002, aconteceu a maior mortandade de peixes: 400 toneladas, segundo cálculos de Moscatelli.
Ontem, a Cedae inaugurou a sétima elevatória no entorno da Lagoa. Falta só uma ser recuperada. O investimento da companhia é de R$ 50 milhões.
R$ 4 milhões para trabalho de dragagem
Ontem, a prefeitura também mergulhou na força-tarefa pela despoluição da Lagoa. O Município assinou convêncio de R$ 4 milhões com a EBX, do empresário Eike Batista, para dragar o Canal do Jóquei e drenar os rios dos Macacos e Cabeça. A previsão é investir R$ 30 milhões até 2010.
Na colônia de pescadores Z-13, os trabalhadores reclamam que os peixes desapareceram da Lagoa. Segundo eles, o canal do Jardim de Alah prejudica o fluxo da água e impede a engorda de tainha, cará, parati e outras espécies.
O biólogo Mário Moscatelli ficou surpreso com a reclamação dos pescadores: “As condições ambientais melhoraram muito, ou será que eles esqueceram da mortandade de peixes? Não dá para comparar o que era com o que é hoje”.
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