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terça-feira, 25 de agosto de 2009

CICLOVIA IMPRESTÁVEL DE COPACABANA

Vale-tudo na pista

Entre ciclistas, motoristas e pedestres,
quem manda é a indisciplina

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Desrespeito: táxi invade a ciclofaixa da Rua Xavier
da Silveira, em Copacabana

Pedalar por uma cidade como o Rio é irresistível. Ainda mais quando se tem à disposição 150 quilômetros de pistas exclusivas para ciclistas. Trata-se da maior malha do país. Mas a convivência com pedestres e motoristas está longe de ser civilizada. Desrespeito às regras, falta de sinalização e de conservação, projetos mal-acabados... A lista de reclamações é grande. Projetada pela prefeitura para ligar a estação do metrô do Cantagalo à Praia de Copacabana, a ciclofaixa da Rua Xavier da Silveira não tem acesso direto à orla. "O ciclista tem de fazer bandalha, subindo na calçada para chegar lá", diz Horácio Magalhães, presidente da Sociedade Amigos de Copacabana.

Para implantar a ciclofaixa, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Rio) proibiu o estacionamento no lado esquerdo da rua, onde há várias entradas de garagem, uma escola, um estacionamento rotativo e dois hotéis. Vice-diretor do colégio que funciona naquela rua, Luiz Eduardo Mallet Soares está preocupado. "Aqui é ponto de embarque e desembarque de crianças", diz. "Elas podem se acidentar ao atravessar a faixa." Na segunda-feira passada, às 17h30, horário de maior fluxo, carros invadiam a ciclofaixa sem o menor constrangimento. Segundo o vice-prefeito e secretário de Meio Ambiente, Carlos Alberto Muniz, os erros serão corrigidos até o fim do mês. "A pintura da faixa ficou mais larga do que o projetado e houve falhas na fiscalização", afirma. Muniz garante que os agentes da CET-Rio estarão de volta nos próximos dias.

O diretor da ONG Transporte Ativo, José Lobo, aponta o óbvio: a boa convivência entre ciclistas, pedestres e motoristas depende de educação. "Nosso trânsito vira uma guerra porque o motorista não respeita o ciclista e este não respeita o pedestre", diz ele. Há um mês, a aposentada Marlene Sampaio, de 74 anos, foi atropelada por uma bicicleta na Rua Voluntários da Pátria, em Botafogo. "Atravessei na faixa de pedestres, com o sinal fechado e todos os carros parados", lembra. "Mas não vi a bicicleta que vinha na contramão." Ela foi jogada longe e bateu com a cabeça no chão. Os oito pontos que levou suturaram o corte, só que o trauma emocional permanece. "Às vezes, quando consigo sair de casa, fico parada horas em frente ao sinal até ter coragem de atravessar", conta. "Noutras, eu desisto e volto para casa." É o vale-tudo.

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