Sexo é prosa...
Fernanda Lima comanda 'Amor & sexo' e diz que o tema era tabu em casa
Desde que pisou na Globo, há cinco anos, Fernanda Lima ainda não tinha tido um produto que fosse a sua cara. Substituiu Angélica duas vezes, encarou as novelas, fez quadros no “Fantástico”, resgatou a memória da música brasileira no “Por toda a minha vida”, mas faltava algo que pudesse ter sua assinatura de fato. Numa conversa com o diretor Ricardo Waddington, quando cumpria o tortuoso papel de protagonista em “Bang bang”, surgiu a ideia: falar de sexo.
— Pensei que nem fosse rolar. Da primeira vez que ele falou comigo, pensei: ‘poxa, esse programa dá supercerto. Adoraria fazer’. Achei que a gente teria
dificuldade de vender um programa desses para a Globo, se havia coragem de produzir uma coisa assim — conta ela, que, a partir da próxima sexta, comandará “Amor & sexo”: — A gente provou que é um programa superdoce.
Que ninguém pense, porém, que, de uma hora para outra, vá ver a discretíssima e reservada Fernanda — o que muitas vezes pode ser confundido com antipatia — segurando brinquedinhos eróticos no meio de um palco ou expondo sua intimidade com o marido, Rodrigo Hilbert, cercada por uma plateia de idades e classes distintas. Também não espere dela didatismo ou profundidade no assunto:
— O princípio básico é tratá-lo com naturalidade e elegância. Aos 32 anos, a loura se sente mais madura para debater sobre os mais variados temas. Se pudesse dar mais palpite do que já dá no roteiro de Rafael Dragaud, iria mais fundo nas questões.
— Gostaria de falar de sexo na terceira idade, da busca dos jovens por algo que eles não sabem bem o que é e acham que é amor, pessoas que não transam,
são assexuadas e estão bem assim, os compulsivos sexuais, os que mentem, falam uma coisa e fazem outra... São muitos os temas — enumera.
E de pensar que na adolescência, sexo era um assunto ainda tabu na casa da gaúcha. Ao contrário do que se vê por aí nas famílias que integram esse admi-
rável mundo novo, os Pereira Lima não eram assim, digamos, moderninhos. A caçulinha Fernanda até ficava de orelha em pé para tentar pescar alguma coisa no ar, mas assim como ela, os dois irmãos mais velhos mantinham suas vidas amorosas bem reservadas:
— Eles eram muito discretos. Minha família é muito discreta. A gente não tinha essa troca, essa liberdade.
As primeiras descobertas de Nana (para os mais chegados) aconteceram na companhia de quatro melhores amigas. A gurizada deixava a fria Porto Alegre
para trás e ia curtir o verão no litoral.
— Foi naquele ambiente da praia que todas as descobertas aconteceram. As primeiras saídas à noite, que não eram bem noite. Saíamos às seis e meia e às 11 voltávamos (risos), aquele carnaval de clube, o primeiro beijo, a primeira vez de cada uma. Foi tudo muito dialogado entre nós. Todas descobrindo tudo — recorda ela, que se lembra da maior preocupação na época: — Não engravidar do primeiro namorado.
Fernanda jamais sentou para falar do assunto com a mãe, Maria Teresa. Tinha vergonha. Com os filhos, os gêmeos Francisco e João, pretende ter uma re-
lação mais aberta:
— Tenho pensado muito nisso por conta do programa. Para a moça, o mais difícil mesmo, para a maioria das pessoas, é falar de amor.
— O amor é muito abstrato, não é tão fácil explicá-lo. É mais fácil falar de sexo. A gente sabe como se faz, a gente faz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário