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domingo, 19 de julho de 2009

SOL LIGADO NA TOMADA

Foto: ©Nasa/Esa

energia

Sol ligado na tomada

Por que a energia solar pode ser uma das principais fontes de eletricidade do Brasil na próxima década


Mauricio Moraes

Até 2020, sua casa poderá virar uma pequena usina fotovoltaica. Grandes placas instaladas no telhado ou no terreno vão captar a energia do Sol e transformá-la em eletricidade, que sera consumida por lâmpadas, gadgets e outros eletrônicos. O que sobrar irá diretamente para a rede elétrica, e as concessionárias vão pagar por esse excedente.
Com isso, quase todo mundo terá a chance de se tornar um microempresário do setor energético.

A previsão acima não é um exercício de futurologia. Países como a Alemanha já adotam esse modelo, e com tremendo sucesso. Só no ano passado, foram instalados cerca de 100 mil telhados solares nessepaís. Na opinião de especialistas na área, como Ricardo Rüther, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o mesmo cenário tem grandes chances de se repetir por aqui. “A energia fotovoltaica vai ser competitiva no Brasil dentro de dez anos”, diz.

A preocupação com o aquecimento global fez explodir o interesse por energias renováveis e limpas, que passaram a receber investimentos cada vez maiores em todo o mundo. E o que pode ser mais ecológico do que captar a luz do Sol e convertê-la em eletricidade?

Além da Alemanha, o time das superpotências solares inclui Espanha, Estados Unidos e Japão. Juntos, os quatro países geram aproximadamente 50% dos cerca de 14 gigawatts produzidos no planeta. Lá e aqui, o maior impedimento para a popularização dos sistemas fotovoltaicos está no preço dos equipamentos. Mas os valores têm caído vertiginosamente. No final da década de 70, cada watt produzido por meio de células fotovoltaicas custava nada menos do que 150 dólares. Hoje, o preço varia entre 3 e 4 dólares.

“Quando o valor baixar para entre 1,5 e 2 dólares, conseguirá competir com qualquer outro tipo de energia”, afirma Adriano Moehlecke, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Isso já deve se tornar realidade nos próximos anos, uma vez que a energia solar está cada vez mais em alta. A venda de sistemas desse tipo em todo o planeta aumentou 85% em 2008, na comparação com 2007. E não foi pequena a quantidade de aparelhos comercializados no período: somada, a produção desses módulos fotovoltaicos chega a 8 gigawatts, pouco mais da metade da potência da Usina de Itaipu. No Brasil, no entanto, esse volume ainda é desprezível — os produtos mais bem-sucedidos na área são os aquecedores solares. O que vai fazer esse panorama mudar?

A CIDADE SOLAR

PLACAS SAEM DO FORNO
Pesquisadores brasileiros têm procurado uma solução. É o caso de Moehlecke e da professora Izete Zanesco, também da PUC-RS. Eles montaram uma planta- piloto para produzir módulos fotovoltaicos com tecnologia nacional. A mini-indústria fabrica células solares que alcançam efi ciência energética de até 15,4% — a média mundial está em 14%. “Estamos produzindo todos os dias”, diz Moehlecke. “O próximo passo será transferir essa tecnologia para as empresas.”
Entre a década de 80 e o início dos anos 90, o Brasil já teve uma indústria mundialmente renomada na área de produção de sistemas fotovoltaicos, a Heliodinâmica.

Situada em Vargem Grande Paulista (SP), ela não suportou a concorrência estrangeira, que conseguia fazer produtos mais baratos, e desapareceu do mapa. “Em 1986, fomos responsáveis por mais de 5% da produção mundial”, afi rma Bruno Topel, presidente da empresa. “Agora estamos em reestruturação.” Embora o site da companhia ainda esteja no ar, não é possível mais adquirir seus painéis. A instalação de sistemas solares nas residências, com a venda de parte da energia para as concessionárias, é vista como uma das alternativas mais promissoras para a área superar as difi culdades do passado e deslanchar. Tudo indica que o processo vai começar nos estados em que os preços da energia solar e tradicional devem se igualar primeiro: Minas Gerais, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Ceará.

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