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sábado, 11 de julho de 2009

Casa Beth Lobo é referência no atendimento à mulher que sofre violência.

Em Diadema, a Casa Beth Lobo celebra 18 anos com trabalhos de políticas públicas de combate à violência doméstica contra a mulher

Marcella Georgetti


Foto: Mauro Pedroso

Casa Beth Lobo, em Diadema, na Grande São
Paulo: modelo no atendimento à mulher

Um projeto pioneiro na região do ABCD paulista tornou-se referência nacional e internacional em assuntos relacionados à agressão seja física, psicológica, sexual, patrimonial e moral.

A Casa Beth Lobo, cujos trabalhos foram premiados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento em 2007, oferece acompanhamento social, psicológico e jurídico que devolvem a auto-estima e a dignidade às vítimas. Atualmente, a instituição assiste aproximadamente 4.000 mulheres.


Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), publicados em 2005, indicam que uma em cada seis mulheres no mundo sofre violência doméstica. O mesmo estudo aponta que até 60% dos casos envolvendo violência física foram cometidos por maridos ou companheiros. Esses índices demonstram o quanto é necessário o envolvimento do poder público no enfrentamento desta realidade.


Papel inovador
Todo mês, por volta de 40 mulheres passam pelos atendimentos do espaço onde são acolhidas, respeitadas e, principalmente, contam com o apoio profissional e especializado que seu caso necessita. Cerca de 80% das assistidas pela casa são de classes menos privilegiadas e em situação de vulnerabilidade, mas também é expressivo o número de atendimentos à classe média e alta.


A Casa Beth Lobo conta com assistentes sociais, psicólogos, educadores e quadro jurídico. Os encaminhamentos são feitos de acordo com o caso que pode demandar: suporte psicológico individual ou em grupo, grupo de reflexão, acompanhamento social e jurídico ou Casa Abrigo, em caso de risco de morte.


Duas vezes por semana, é realizado um trabalho preventivo de capacitação nos locais de trabalho da Prefeitura. As reuniões são agendadas a pedido da própria comunidade por meio de entidades assistenciais ou organizações da sociedade civil, com objetivo de abordar como se dá a violência, as formas de identificá-la e, principalmente, evitá-la. Explicações sobre o conteúdo das legislações relacionadas ao tema, como a Lei Maria da Penha, também fazem parte do trabalho de apoio.


De acordo com a coordenadora da Casa Beth Lobo, Eloísa Gabriel dos Santos, a articulação da rede de atendimento na cidade é forte e integrada, o que faz do cuidado com a questão ser muito maior. “É um marco para a história de Diadema a Casa atingir a maioridade e ser pioneira no combate à violência”, afirma.


Nova vida
Giane (nome fictício), 50 anos, recebe acompanhamento há um mês e meio. Viveu durante um ano e cinco meses com uma pessoa que não permitia que ela saísse de casa sozinha e nem tivesse contato com seus amigos, familiares, religião e nem trabalho.

“Na casa achei uma saída para minha tristeza e o confinamento a que meu companheiro me submetia. Com o apoio, me renovei e me libertei”. A vítima conta ainda que era proibida de tudo, não se alimentava nem dormia direito e muito menos se cuidava. “Agora consegui me separar e vejo a chance de ter uma vida mais alegre. Participo do grupo de reflexão e quero fazer teatro também”, diz.


Arte como cura
O grupo de teatro Agni – Casa Beth Lobo foi criado em 2005 como arma de defesa da violência contra a mulher. É formado por 12 integrantes que frequentam ou já participaram dos trabalhos da casa e por profissionais da rede. O grupo se reúne uma vez por semana e serve de reflexão tanto para quem assiste aos espetáculos quanto para o resgate da auto-estima das integrantes.

Casa Beth Lobo
Rua Ida Spagiari Martins, 114, Centro, Diadema
Fones: (11) 4043-0737 ou 4043-1918

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